quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pesadelo


Cabeça de criança enrolada em papel-filme
Pés cortados, dedos decepados
Um vinho tinto
Taças quebradas
Nos copos boiam mortas formigas
Olhares de tristeza
Um quê de absurdo
Gritos de discussão contida
A criança morta renascida
Tremor
Casa sombria
Pessoas tantas
Total desmedida
Em 02/12/09 (ao acordar)

REpresentAÇÃO


Uma bela lua no céu
Um teatro repleto de estrelas luminosas
Um jogo fraco e solitário
Máscaras falsas e vaidosas

No fundo, nada foi o que deveria ser
Restou uma decepção
A fala rouca
O texto atrasado

Em mim, a decepção
Ar de total insatisfação
Uma interrogação
Frio seco em pleno verão

Restou um senhor dormindo
Os falsos fingindo
A ironia do sorriso
E eu, repetindo a dose do mais do mesmo

Se vocês não tivessem ido
Se você tivesse esquecido
Se o nada existisse
Talvez não tivesse sofrido

Mas você é assim
Foi
Abraçou-me
Partiu (-me)!

Em 02/12/09, sobre 01/12/09

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Última Cena


E no fim, o que resta?
Um silêncio, um rosto amargurado
Um descaso, uma decepção

Não há sorrisos
Só mágoas e este gosto azedo
Este som irritante do nada

As palmas esperam-no todo
Ele não está
O fim não saiu

Tudo acaba
E a flor de amor, roubada
Vira flor murcha, carmim

Um sangue fraco no pulso
A porta fechada
Um fim, sem fim

Em 25/08/09

Botafogo, 10 (Outubro, 09)


Estou amadurecendo
Relendo minhas lembranças
Afastando o sono
Anotando os sonhos
Caminhando

Há milhões de palavras empilhadas
Idéias a desvendar
E o corredor que me trouxe até aqui
Só tem porta de entrada
Sem portas de emergência e de saída

O mundo me penetra
Ganha espaço em meu pensar
A ânsia arde
Eu chorando, urro
A vinda é um arremate profundo

Sou o que desabrocha
O que se aventura
Rumo para o futuro
Esse susto
Supero meus medos deitado no escuro

Crescer é bruto
Estou vivendo
A estrada é longa e difusa
Marco o espaço de quem perpetua
Deixo aqui minha assinatura

Em 10/10/09

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O que se pensa


Não sirvo para você
O que se faz é pouco
O que se fez, nada
A alegria não vale à pena
A tristeza dorme aqui em casa
Você, o enganado
Eu, a farsa
O mundo um escuro
Um futuro de informática
Um garoto vazio
Alguém que não vale lágrima chorada
Universos de palavras caladas
A desculpa não dada
O adeus repartido
O silêncio de quem não deve falar nada

Em 13/10/09


O que se sente


São tantos os pesamentos
Um mix de cores
Que girando, vira um vazio branco
Não sei o que se pensar

Há um soco no centro do corpo
Há mais um grito não gritado
Há a felicidade destroçada
Há mais do tudo que com a chuva virou nada

Virei o plano rasgado
O perfeito falsário
O futuro desengonçado
O vilão, Iago, o malvado

Em 13/10/09

sábado, 3 de outubro de 2009

História fragmentada de fragmentos apagados


Faço coisas para esquecê-las
Andanças na rua escura
Corpos vazios
Palavras frias e sujas
Cartas, cadernos, escritas
Desenhos e ilusões
Luxúrias
Já não me lembro mais
Do quê?!
Já se foi
Fragmentou
Sem acesso
Restrito

Silêncio secreto
Sombrio
Falha de memória
Um lapso
Sombra
Caráter?!
Foi embora com as horas vividas
Com as imagens carcomidas
Tudo perdido entre as roupas desarrumadas
A coisa entre as coisas
Encolhidas
Perdidas, esquecidas, espalhadas
Tudo às escondidas

Por que apagar aquilo que ao acontecer nunca existiu?

Há de ser coisa pensada
Já não lembro de quase nada
Quem sabe um dia rascunho um livro...
Ou uma enciclopédia ilustrada
Quem sabe um dia coisas no lixo...
Quem sabe daquele que não sabe mais de nada?!

Escrito em 01/10/09 (depois de Abraços Partidos/ Almodóvar)

Amanhecimentos


Não dormi
Então não era sonho
Mas também não acordei
Tudo isso será um sonho?!

No frágil banco de madeira
São dois olhando o horizonte
Sol nascendo no meio
Uma cidade que se comemora

De um lado as paredes
Deste lado, o mar
A areia cinza
A areia clara
A concreta
E a fofa

Como em um clipe
Ou como no sonho
Que não sabe se é sonho
Correm duas ninfas loiras
Correm filhas do amanhecer
Gargalham, sorriem, posam
São duas gaivotas exibidas

Chega ele
Com sua máquina da eternidade
Congela os momentos em fotos
As guarda
Torna cor em lembrança
Faz sonho virar quadro
Pintura, sonhografia

Somos todos gravuras
E este o lugar do novo dia
Tudo nos emoldura
Os dois no banco
O sol ao fundo
O horizonte rubro
O mar profundo

Escrito hoje, 03/10/09, em homenagem ao Dé e ao amanhecer.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

.........Caminhada...........


Desconforto de andarilho
Pé ante pé ante pé
Anti pé
Suor quente
Expulso você pelos poros
E você não vai
Gruda na roupa
Que gruda em mim
- Não há mais espaço!
Meu corpo te diz
Sentindo o vento
E você escorre
Carregando toda a sujeira
Pingando no chão

Você me enche
Eu ando
Te queimo
Você pinga
Eu emagreço

Mas você volta
De repente
Te encontro na respiração
Páro de andar
Acalmo
Descanso de você
Recupero o ar
Caminho
Sigo te largando na EXpiração
Gás carbônico
Te carbonizo
Acaba o ar
No ar

Você me sufoca
Eu espirro
Te nebulizo
Você se esvai
Eu eu supiro

E aí está você novamente
Na cabeça
Paranóia
Bagunçando pensamentos
Apertando meus nervos
Fazendo tremer
Caminho mais rápido
Canso a mente
O corpo segue
Ileso
Cansado de te esquecer
Eu ando
Continuo
Você falha
Fica na estrada

Você me atordoa
Eu não lembro
Te apago
Você Alzheimer
Eu esquecido

Por fim
Livre de você
Sento no banco
Na praia
No chão da estrada
Onde for
Paro a caminhada
Escrevo poemas
Relembro a caminhada
Acabo com todas as palavras
Pronto!
Você não é mais nada
Eu literalizei tuas chagas
E acabo assim
Com o poema e com você

Começado em 18/09/09, terminado em 21/09/09
(Mais precisamente, agora!)




quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PARALISIA (ou Morno)


Silêncio mortal
Falta de assunto
Um desconhecido
E um fingidor,
Fazedor de sonhos,
Contador de histórias,
Cristal bruto,
Eu
A olhar
Lamentando
Ansiando ser mais
-O que foi que aconteceu?!
O tempo correu
O mundo girou
E eu fiquei
Eu estou
Boio nas ilusões criadas
Afundo no meu grande nada
Assisto a vida que passa
Sou o que será
O que ainda não é
O que dizem
O que eu quer ser
Mas no momento
No longo momento do ontem
No desesperado momento do agora
Eu ainda continuo
Sou eu
O que não é nada
Um rosto com sorriso
E continua
Aquele mesmo
O resignado,
Disfarçado de atorzinho
O mais do mesmo
Máquina de mentiras
Morbidez dos que não sabem de mais nada!

Escrito agora, 17/09/09, às 2 e 15 da madruga

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amor Bossa Nova


Engraçado que você, meu eu lírico
Árvore que me espera pássaro
Braço que abraça minhas lágrimas escondidas
Você que traduz meu ser em cor escura
Que me jura amor mesmo nas cenas de loucura
Você isso tudo
Logo você
Não me inspira poemas
São poucos, foram-se de início
Não são
De você não tiro flores que choram
Nem sonetos, versos, rimas e prosas
Porque você é meu poema maior
Vida viva
Escrito, reescrito, reeditado a toda hora
Você é minha obra prima legítima
Você é meu amor bossa nova

Escrito em 30/07/09

Prática do Desapego (Ou reeducação sentimental)


Da arte de ser prolixo
Do desespero pelo entendimento
Pelos "porquês", "comos" e "assim sendos"
Pela explicação sem limites
O didátivo que é banal
A repetição desmedida
A confirmação vestindo insegurança
O tudo tapado com monte de nada
Dos nadas vestidos de incríveis tudos
A necessidade do real comunicar
Do que se julga
Dos que pecam
Que tudo se perca
Se molhe, se afunde
Como um corpo jogado ao mar

Escrito em 30/ 07/ 09.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Isto vale um poema?!?!


O menino que passa
A voz aguda
A cerveja gelada
O bar

O gringo que olha
O bêbado que pára
Meu desejo
A rua

Escrito em 11/08/09.

sábado, 22 de agosto de 2009

O Vendedor de Amendoins

O menino da rua está a se limpar
Olha os olhos nos espelho, assobia
Seca com as mãos os rastros de lágrima
Se diverte sozinho, no instante agora
Brinca de artista,
Sorri baixinho
Cantarola, remexe, fala

Derrepente
Me olha nos olhos
Entende-me perdido
Finge de sofrido
Me chama de tio
Digo não
Ele vai embora

Escrito em 11/08/09

A Última Flor

A flor que nos faz recomeçar, não é a mesma flor que resta no fim. É a última flor que brota de mim e que germina no seu olhar. Seu olhar sempre mirando jardins.

Há em mim a semente do que me gerou. Há em mim amor em pétalas carmim e um verde de esperança sem torpor e sem fim.

Sem a flor que nunca jaz, não há mais, falta verdade. Verdade que nos faz, verdade que vos trago. A verdade de que falo. Não é verdade minha, nem sua. Nem mentira é tampouco. Mas é a verdade de nós mesmos que se esconde bem aqui, bem no fundo, despetalando-se aqui dentro. No simples instinto do Ser, de ser. Sermos todos, muitos, juntos, jardins. Os jardins que miraram um dia, os teus olhos, hoje olhos vazios, sem cor, olhos vis.

Que reabram as janelas da tua alma e que plantes enfim a última flor que trago em mim e que ofereço à você. Que ela floresça, dia à dia, e que colhamos juntos, no fim da primavera, o prazer do amor nascido do prazer de ouvir, ver, tocar, beber, comer, cheirar você, que é o outro. O outro que sou eu. Você, eu e o todo!

PS: Queridos este texto é fruto do processo "A Última Flor", a peça que estou dirigindo e que estréia no próximo dia 04/09, no teatro Glaucio Gil. A presença de TODOS é muito importante!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Caixa de Lembranças


Poesia em Imagem

Menino Grande com Sorriso de Palhaço

Ele se foi

O filme não parou

Há um breu

Há imagens sem cor

Hoje o dia é nublado

As roupas bicolor

O tempo não tem fim

A vida continuou

Na máquina fica a imagem

Morna

A imagem que imita gente

Gente, tão gente

Que molha os olhos

Traz torpor

O menino e o sorriso

A tristeza carregou

Foi pra longe

Para bem longe

Só a poesia ficou

E do sonho não terminado

Uma estrada,

Palco onde caminhou,

traz-me um Menino Grande

Sorriso de palhaço

Cantarolando histórias

De um livro que não se fechou


Em 06/10/08 (para o eterno Jorginho)

Saudades que o mar me trás

Meu amor por ti transborda
É como o mar
Me chama, balança, faz descansar
Meu recuo
Meu porto seguro
Meu navegar
Teu amor é o meu guia
Meu farol
Uma ilha
Mar sem fundo
Amor sem fim
Incondicional
Explodindo
em mim
Dói
o corpo
Arde a alma
Sinto calor
Um aperto, uma onda, uma saudade
Este amor
Em você sou livre
Sem você sou nada
Água triste
Prateada
Peixe frito
Na calçada
Sem você sou nada
Cabeça em ti vidrada
Vida assim marejada

Amo te amar
Amo te mar
Espero te aqui
Eterno em mim
Sim
À velejar
Eu você
Toda a paz
Areia e mar

Escrito em 07/01/08 (Agora chega né? A sessão declaração acaba aqui...rs)

Sono do Prazer

Na sala escura
Teu corpo inspira-me poesia
De palavras sem forma
Mas teu corpo
Ah! O corpo
Que formas!
Cinzas, chumbo, sombras
É teu corpo entregue ao sono do prazer
E este teu corpo, deitado
Teu corpo que à mim diz tudo
Diz-me agora que és tu o umbigo do universo
E aqui no escuro desta sala escura
As luzes pequeninas da cidade te torneam
Todas elas, como luz de fada ao nascer
Mágica
Mágico é este corpo
Meu corpo que é o teu
Tudo aqui no escuro espelha à ti
Pois tu és luz
Minha e de tudo o mais que há no meu mundo
Os olhos, os vidros, as telas, visores
Tudo!
Tudo espelha teu corpo
Admirados
Invejosos de tua adormecida beleza
Inebriados com esta tua vulgar e oferecida beleza
Insaciáveis por querer mais desta desnuda e esparramada beleza
E tudo aqui cheira à você
Tudo aqui anseia ser-te
Por um segundo mais e mais
E eu que à pouco fui teu
Tua parte
Agora olho
Ai, e que olhos são os teus!
Inocentes, tristes
Oh Deus!
De onde vem a origem de tanta maldade?
Deveria haver nos mundos mais beldades
Como esta
Obra Grega
Desenhada à mão divina
Leve
Criança
Que respira doce e calma no bailar dos sonhos
E que traz-me a paz de todo dia
Sem fim
Como esta, bem aqui, ao meu lado
Ai, que paz!
E que sem mais
Fico parado
Amanhecendo calado
Sendo-te cada vez mais devotado
Entregue
Apaixonado pelos infinitos encantos
Deste corpo
Ah, e que corpo!
Deste corpo
Que é o teu

Em 15/10/07

TEU

Esta leveza, esta tranquilidade, esta felicidade, esta música, este ar, este bate-forte do coração, estes planos, este sonho, este brilho nos olhos, esta saudade, este carinho, este tesão, este pensamento constante e este amor que não tem tamanho.

Tudo isso e muito mais é teu!


Escrito em 02/10/07 (E eu ainda disse que não tinha muitos poemas inspirados em você, hein?!)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ser-te


Quero morar-te
Ser tua pele e tua calma
Ser você dia e noite e madrugada

Quero ser tua voz suave
Ser teu riso agudo
Ser tua lágrima pequena e molhada

Quero ser os teus olhos pela manhã
Ser tua retina, teu pulso, teu chacra
Ser tuas cicatrizes e tuas sensíveis palavras

Quero ser teu abraço forte
Ser tua beleza desengonçada
Ser tua cara pintada de mágica

Quero estar sob a epiderme
Ser velejador do teu sangue
Ser teus gestos, os pequenos e os grandes

Quero ser tuas neuras
Ser teus traumas e teus sinais
Ser tua fome e tua ira

E ser-te mais
E sempre mais
Para que só assim
Sendo-te todo e ao mesmo tempo
Tentar suprir este amor urgente
Que nunca repousa
E que clama
Feito louco
Em ter-te aqui
Perto de mim.

Escrito em 11/09/07

Teu olhar

Ontem aquilo que não sei o nome, mas que é bom, e é nosso. Aquilo que não se define de tão grande. O que não se sabe ao certo descrever. Ontem, aquilo que chamamos de amor, mas que não nos cabe em 4 letras. Ontem isto, ou aquilo, ou tudo me tomou feito vento forte. E eu, pássaro, sobrevoava com asas abertas os oceanos do sem fim, ao teu lado. Tudo isto, e o mais que sinto, no instante de um olhar.

Escrito em 03/09/07

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

EU TE AMO


Tive certeza de que te amava
Quando tive a certeza de que não te amava
E depois de que te amava
E depois nada

Tive certeza de que te amava
Quando não parava de pensar
Em você e no que falar
E quis fugir para outro lugar

Tive certeza de que te amava
Quando começavam a me irritar
Seus defeitos e jeito de falar
E ainda assim quis te abraçar

Tive certeza de que te amava
Quando meu corpo quis te afastar
Mas tirei tua roupa com força
Por que a pele eu não podia rasgar

Tive certeza de que te amava
Quando quis terminar
Mas vi que já não dava mais
E comecei a chorar

Escrito em 15/07/07, para Elio. (Viu, uma sessão exclusiva... rs)

Bonança


No meu coração um barco atravessa sem parar.
As águas estão turvas e violentas.
E lá no meio, na proa, marujo do além-mar, estou eu!
Ao olhar o horizonte vejo a fúria dos ventos que anunciam a tempestade que se aproxima.
E ao fundo, claro como a vida, o sol.
Enorme e reluzente, cheio de amor para dar.
Fecho os olhos, esqueço o tempo, salto do barco, boio nas ondas e, sem mais nada, nú, deixo o sol me acalentar!


Escrito em Junho/07, para Elio. (Viu? Tem poema para vc tb... rs)

Decepção


Tuas palavras, tão amargas, me lançaram neste vácuo profundo, sem rumo, um infinito, escuro, buraco negro obscuro.
Neste vazio, escondido, sozinho, aqui bem dentro, bem fundo, de tudo que há enfim
Me perco em meio ao eco das palavras mal ditas e das minhas não ditas, tentando em vão me encontrar, te entender, superar.
Estou chocado, dormente, prostrado, com o chão desmanchado e nas paredes cupim.
O olhar aberto está fechado, calado e agora o foco é aqui, bem para dentro de mim.
Minha cabeça, labirinto de idéias, corredores bem longos, parece dizer assim:
É sem controle!
Pois teu falar mal criado, cuspido, malvado, está aqui entalado, feito azia hostil.
Meu grito máximo, de tão impressionado, se calou no palato, ficou estrangulado, desistiu, não saiu.
No coração, esse bicho do mato, soa decepcionado um pulsar imbecil.
E de tanto ranso, vem um sono profano, a pressão declinando, me fazendo inútil.
Sendo assim, meu corpo vai desmaiando, endurecendo e esquecendo o mundo inteiro,
E fim.

Escrito em 18/05/07

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ao Contrário X oirártnoC oA



Tá tudo ao contrário aqui! A Lua nascendo de dia, frio no lugar do calor, calor no lugar do frio, o futuro virando presente, o tempo correndo feito gente, eu trocando a noite pelo dia!


Pensamento escrito em 14/05/07

PS: E ainda tão atual!

Ode à Arte


Salvem todos os artistas desconhecidos
Aqueles que foram esquecidos
Aqueles que se doaram
Aqueles que se transformaram
Aqueles que morreram por ela
Aqueles em essência
Aqueles abandonados
Aqueles de palco
Aqueles de música e pintura
Aqueles de circo e dança e rua

Salvem todos os artistas inquietos
Aqueles amadores
Aqueles estudantes
Aqueles passionais e racionais
Aqueles antigos
Aqueles que estão por vir
Aqueles que não o foram
Aqueles que revolucionaram
Aqueles grandes mestres
Aqueles que mudaram

Salvem todos os artistas que não ficaram
E salvem enfim à todos aqueles que na arte se encontraram

Escrito em 29/03/07

BURGUESIA versus IGNORÂNCIA


O que me salva de ser mais um é esta burguesia que me corrompe.

É triste, mas é vida!

E a vida é assim, crua, nua.

O que me salva na vida é a corrupção da minha ignorância!



Escrito em 26/03/07

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O PONTO



Sou um ponto

De Equilíbrio

Entre a tua

Realidade

E a minha

Fantasia


Na parede do quarto de Saquarema, durante os saudosos anos de 2006 e 2007

EMBASSADO


Este que te fala não sou Eu
Pois este que te fala é apenas o que outrora fui
O que sou agora, não se sabe
Eu não sei!
Meus ideais estão falindo
Meus muros caindo
E meus conceitos se desprendendo

Este que te fala, não sou Eu
E muito menos quem Eu sonhei um dia ser
Este de agora não é o mesmo de ontem
E muito menos o de amanhã
Acho Eu!
Esse de hoje quer ser mais do que pensou
E talvez mais do que sou.

Eu queria ser super herói
E poder saltar por entre os telhados
Para tentar encontrar sob eles aquele Eu que possa me fazer companhia
Um outro Eu, igual a mim
Quem sabe, por ali também não encontrar o que falta para me remontar

Pq esse Eu que reflete no espelho, enquanto te falo,
Não sou mais Eu!

Escrito em 08/02/07

Brisa de Primavera



No horizonte da janela
Aquele pássaro lá em cima sou eu
Ele voa pra longe
Em bando
Flutuando no vento denso do dia que já se vai
Para onde ele vai?
Ele não sabe
Nem o pássaro, nem o dia, nem eu
Aquele pássaro lá em cima sou eu
Escrito em 21/12/06

Constatação da Fragilidade (Ou apenas Auto-Mar)

Olha aquela pérola, que preciosidade!

Tamanha fragilidade teve de ser guardada em redoma calcificada, criada para lhe disfarçar.

Êta concha imponente, delicadamente construída e onduladamente infindável.

Um dia veio a onda e a levou, agora ostra, para conhecer o mar.

E assim foi ela à marejar, descobrindo horizontes, se expondo ao nadar.

Porém, sem perceber o mudar dos ventos, ela foi traída pelo sopro do tempo que movimentou as águas e tudo o mais que havia por lá.

A pobre ostra foi arrastada areia à fora, dolorosamente, como se fosse expulsa do mar.

Veio enfim um homem bronco, de barba branca e ares de velejador,

Olhando apenas para o azul à transbordar, ele pisou na concha, descuidado, que ali estava, na beira do mar.

Aquela casca se quebrou e só restou a pequenina pérola à lamentar.

E lá ficou ela, branca e pálida, feito donzela

Ai, que pena que me dá!

Mas parando bem para observar, ela, a pérola, me parece bem mais sincera agora

Do que aquela que andava à desfilar, escondidinha, lá pelas bandas do fundo do mar.

Foi por isso que vim-me embora

E a deixei para lá,

Sozinha,

De oferenda para Iemanjá.


Escrita em 30/11/06

F I M



Aonde foi que teve início o nosso fim?

E cadê aquela força do amor que nós juramos eternizar?

Quando foi que decidimos não mais tentar lutar?

Ainda há pouco estava à procurar todos aqueles projetos que arquitetamos juntos

E ao que me parece, eles foram lançados como cinzas ao ar.

Tentei vislumbrá-los,

Mas uma chuva de paraquedas tapou-me a visão

E minha referência de horizonte passou a ser fragmentada.

Aquele sentimento em mar, que nos fazia flutuar

Escoou de meus olhos como cascatas

E na garganta sobrou um nó

Fruto da seca que ficou.

Agora os mundos estão enfim separados.

E entre nós a dor equivalente a grande distância que nos separa.

O nós, virou sós.

E as canções de amor são agora brados de lamento

As gavetas, caixas e memórias guardam o que restou do sonho

E o mundo, antes uma pista de alçar vôos

Agora é corredor da morte

E se com a morte vem a renovação.

O que nos espera após o enterro de nossos corações?

O amanhã?


Escrito em 21/09/06

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Don Juan Contemporâneo


Sou Don Juan

Contemporâneo

Cheio de sonhos, gestos e palavras ardilosas

Um conquistador barato

Malandro da lapa

Bamba do sampa

Príncipe das paradas e das baladas

Incontrolável e patológico

Descobridor de corpos

Navegador de olhos

Atirando palavras para todo lado

Pescando gestos, dos mais sutis aos mais eróticos

Conquistador

Exótico

Devorador de corações, almas e respirações

Vulgarmente o cachorrão, ricardão e gostosão

Falsamente modesto

Provocando emoções e misteriosas sensações

Sempre buscando

Nunca encontrando

Humano

De carne, osso e suor

Nunca só

Nunca acompanhado

Sempre vazio

Um ser assim

De mentira!

Don Juan

Em essencia, alma e sangue

Sem negar

Sem assumir

Apenas assim

Mestre da conquista

Prisioneiro da vontade

E escravo da solidão!
Escrito em 05/09/06

Sobre pássaros e árvores


E o que você vai fazer se amanhã eu não estiver mais aqui?

Me abrace forte agora

Pq amanhã o tempo pode me levar

Ou até mesmo o vento

Ou o bom senso

Ou o ócio, o ópio e o ódio

Agora, segure firme em minha mão

Pq quem garantirá que com o amanhã não virá a solidão?

Ou ainda um terremoto ou uma explosão? (Me refiro a sentimentos)

Vem, vamos correr comigo agora

De mãos dadas

Mas segure-me forte

Pq ainda assim eu posso fugir para um outro lugar

Bem distante deste de hoje

E se fugissemos eu, a felicidade, a individualidade e a minha especialidade?

Calma, não chore agora

Lembre-se de erguer-se sempre

Por que amanhã eu posso aqui não mais estar.

Portanto, aproveite!

Contenha-me, devore-me e entenda-me

AGORA

Por que afinal, o que você vai fazer se amanhã eu não estiver mais aqui?


Escrito em 06/08/06

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sobre crianças e poetas


Bem ali, no pequenino espaço existente entre a criança e o ser adulto é que se encontra a interrogação deste poema.

Ali, no vão de todos os questionamentos, no limiar de todas as ilusões.

Para aonde foi o menino que corria despreocupado?

Cadê aquela menina e sua casa de bonecas?

O que foi que fizeram com essa gente que cresceu?

O tempo vem furioso, em resposta, contra todas essas perguntas.

As carrega para bem longe.

Ele as afoga em um mar de inúteis informações

E aí já não se sabe mais se a culpa é do tempo ou da falta dele.

Todos correm para um lugar sem fim.

Todos lutam por um ideal chinfrin.

Olhando aquele pequenino espaço existente entre a criança e o ser adulto, penso se não seria ali o começo de tudo.

Um começo que ligasse os dois extremos deste poema, como uma corda bamba.

Sobre ela estaria o poeta e no poeta a sua criança.

Porém desta vez não reprimida.

E sim, viva!

Como a resguardar a maturidade atingida pela vida e a brincar apenas com os sonhos de uma existência mais colorida.


Escrito em 28/07/06

Quarta Feira de Cinzas


Acabou

O sol chegou

E vc se foi


O ano vindo

Dinheiro sumindo

E vc partindo


Recomeçou

Carnaval cessou

E vc não voltou


Escrito em 06/03/06

domingo, 26 de julho de 2009

O Assustador de Criançinhas


"Ontem vc me fez pensar o quão bom eu posso ser e o quão mal também"


Sou um vilão de desenho animado, de roupas pretas e assustador de criancinhas.

Contenho em mim um misto de comédia, drama e vilania.

Um egocentrismo descontrolado,

Um egoísmo mal colocado,

Uma bomba atômica de emoções.

Minha cabeça dá voltas tão rápidas quanto o olho de um furacão.

E me confunde

E me auto flagela

E me fecha

Numa casca só minha,

Do tamanho da minha ambição exacerbada.

E então, como um moleque mimado, que sou

Chamo a tua atenção sem você perceber

Porque preciso dela só para ter

E para te fazer mãe ou bibelô

Só meu.

Tenho medo da solidão,

Da rejeição,

E do amor

Pq tenho em mim uma lente que aumenta meus sentimentos em mil

Como se estivesse em mim toda a intensidade do mundo.

Dos seres humanos normais, desses que não tem tempo de pensar em si mesmos.

Amo MUITO

Quero MUITO

Sofro MUITO

LOUCA mente

E assim preciso ter a oferta de um abraço a cada segundo

Nem que seja apenas para dizer: Não, obrigado!

Mas se não a tenho, também não a peço

Preciso e espero

Pois sou feito de orgulho e solidão

Como um menino mal

Desses feitos de muito desejo e razão

Megalomaníaco, emotivo e bobão


Escrito em 20/01/06

INTENSAMENTE


Quem vive a vida densamente

Morre intensamente

Quem a vive lentamente

Morre sutilmente


Escolha o seu viver!


Ainda depois de Party Monsters, em 08/01/06

Catarse


Tenho agora um medo que me assola

O medo de mim mesmo

Pois dentro de mim reside um vulcão

Constantemente em erupção

Às vezes controlado

Quase sempre explosivo

Uma bola de fogo e energia

Pronta para se diluir para todo lado

Seja em arte ou catarse

Uma parte.

Vejo, escuto e comparo

Respiro a loucura do mundo e transpiro a minha

E penso:

Ate onde posso caminhar na corda bamba da minha vida?

Então eu marco, faço, aconteço

Mas até quando?


Escrito em 8/02/06 após assistir Party Monsters

sábado, 25 de julho de 2009

.C.I.N.E.L.Â.N.D.I.A.


Ih, olha lá

O menino no meio da praça

Rodando como pião

Em exposição

Cantarolando uma canção

De ninar talvez.

Ih, olha lá

O menino contando grana na mão

E andando sem graça,

Mas sem fazer pirraça

Brincando de prostituição.


Para Erick, em 07/01/06

Saudades de um amor interestadual


Você partiu de mim como um navio que se afasta da beira do mar, rumando à um longínqüo horizonte. Eu te observei até onde meus tristes olhos puderam lhe acompanhar. Você sumiu de minha vista e restaram apenas ondas prateadas e um dia nublado. Um vazio de outono em pleno verão. Um mar de saudades e de paixão. Um aperto no peito e um corpo, imóvel, aguardando em meio a um deserto praiano o seu retorno, breve e eterno.


Escrito em 02/01/06

Caiu


Caiu
Transparente e preta
Leve e morta
Com asas e sem ar
Linda, mas desaprendeu a voar
Pobre da libélula que hoje caiu em minha janela

Escrito em 03/02/06 (Para/sobre Monique)




Poema para mãe, amigos, amores e afins (Estendendo-se a animais e a qualquer ser que respire e brilhe)


A cidade é São Paulo

O dia, Domingo

A tarde chuvosa

E eu pensativo

Penso nas pessoas de que necessito

Nas pessoas por quem ainda nutro a arcaica dependência do amor

Pois sou um poeta antiquado

Desses que ainda precisa de pessoas para viver

Ou sobreviver

Sei que é estranho confessar assim

Mas ainda não desaprendi o relacionar

Por mais que tente, vez ou outra

É difícil para meu coração não se apaixonar

Por um, por outros, por todos e tantos outros

Ao mesmo tempo

Serei eu um ser humano em extinção,

Distante da ciência de robotização dos sentimentos,

Esta que é grande avanço de nossa era?

Sou um alguém que chega a sangrar

Só de me pensar só, sem amar.

Sei que amar é depender

E digo a todos que isso já aprendi

Só falta praticar, desapegar

Ficar ficando

Estar estando

Fingir sorrisos

E chorar sozinho...

Sozinho?!

Ai, isso eu não consigo

É muita evolução, perdão!

Assim eu confesso

...

Ainda preciso do outro. Alguém?!



Escrito em SP no dia 11/12/05, às 13:30h

PARTIDA


Sinto o peso do nada sobre mim. Vazio de sentimentos e cheio de lágrimas a serem choradas. Elas não vem. Não por timidez, mas por falta de forças. O inesperado me tomou num rompante e meu castelo de certezas se transformou em poeira, espessa e difícil de ser carregada pelo vento. A certeza de um amor dado e de um amor perdido. A incerteza. Sofrer para encontrar um novo alguém. Não um alguém qualquer, mas este alguém. Que me preencheu, que me completou, que me mudou e que agora se foi...
A culpa de tentar ser perfeito e a tristeza de todos quererem o imperfeito. Se é que realmente sabem o que querem. Já não me importa mais. Enfim, arranco agora do meu caderno de sonhos e planos uma página inteira que havia sido programada a dois. Um amanhã que jamais chegará, contrastando com um amanhã que eu nem pensei que aqui fosse estar, tão rápido. Tão só.
Paz e amor é o que desejava de você e é o que te desejo agora. Sem mim. Porque nessa vida tudo se vai e nós também. Afinal é preciso caminhar, à frente. E assim farei. Mas que aqui fique registrado e finalmente pontuado que esse é mais um amor que não deu certo. Não mais um SIMPLES amor, pois foi mais do que isso o meu amor por você.


Beijos como os de antes, mas agora de despedida, deste que ainda te ama, e que agora te esquece.


Escrito em 08/07/04

AMORPAIXÃOAMORPAIXÃO


E ela chegou sorrateira e devastadora. Tomou conta deste corpo indigente e, em seguida, já se mostrava extremamente intensa, dona. Como uma grande guerreira, destruiu quase todas as barreiras, as mais altas, e atravessou um rio largo, que não tardava em desaguar em lágrimas, só para me atordoar. Como um tornado, devastou todas as lembranças e bagunçou os sentimentos de passado remoto, tudo de uma vez só.


Foi quando isto tudo, esmiuçado, mexido, ganhou corpo de revoltado e nesta luta de forças, beirando o desespero, nasceu um AMOR. Ela, a PAIXÃO, essa violenta que acabara de chegar, arrombando a grades das minhas janelas, sentindo-se enfraquecida perante a inundação do novo sentimento chamado AMOR, resolveu também se aliar, como fazem os fracos e os sábios, aos montes.

E assim, em meio a esta revolução que não se viu, passei a amar você, a apaixonadamente amar você...

Escrito em 13/06/04

Poemas Repatriados


E, a partir de agora, retomo meu antigo blog com os poemas que foram desabrigados e que agora ganham novo lar. Com eles as respectivas datas em que foram escritas que, obviamente, não serão as mesmas da postagem!
Bjinhus e divirtam-se, ou não!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

REssacaMORSO


Os balões brancos no ar, enormes, que se embaçam diante da visão. A cabeça pulsante que ora é riso, ora é briga, ora é choro, ora é nada. Um enjôo que costura o antes e o depois. Um remorço pelo corpo condoído e vingativo, que reclama o direito de estar bem, ficando mal! Bem mal.

Acorda e luz acesa, sapato na cama, roupa fedendo a cigarro, garrafa de travesseiro.

-O que é que há?!

Não há!

Uma mijada, um copo duplo de água gelada, a cabeça pesada, uma tonteira, cama e mais nada!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Primeira vez há de ser genuína


Pois bem, diz o ditado que a primeira a gente não esquece. Que assim seja com esta e com todas as outras tb. Porém, haja visto que estou no momento de remixar coisas e informações que me permeiam, atravessam, transpassam, esquecer não é das coisas piores, contanto que tenha vivido tudo genuinamente. Aliás, assim como no título, é esta a palavra do meu ano.

Bem vindos os novos ares. Um Brinde a tudo o que está por vir!