quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Isto vale um poema?!?!


O menino que passa
A voz aguda
A cerveja gelada
O bar

O gringo que olha
O bêbado que pára
Meu desejo
A rua

Escrito em 11/08/09.

sábado, 22 de agosto de 2009

O Vendedor de Amendoins

O menino da rua está a se limpar
Olha os olhos nos espelho, assobia
Seca com as mãos os rastros de lágrima
Se diverte sozinho, no instante agora
Brinca de artista,
Sorri baixinho
Cantarola, remexe, fala

Derrepente
Me olha nos olhos
Entende-me perdido
Finge de sofrido
Me chama de tio
Digo não
Ele vai embora

Escrito em 11/08/09

A Última Flor

A flor que nos faz recomeçar, não é a mesma flor que resta no fim. É a última flor que brota de mim e que germina no seu olhar. Seu olhar sempre mirando jardins.

Há em mim a semente do que me gerou. Há em mim amor em pétalas carmim e um verde de esperança sem torpor e sem fim.

Sem a flor que nunca jaz, não há mais, falta verdade. Verdade que nos faz, verdade que vos trago. A verdade de que falo. Não é verdade minha, nem sua. Nem mentira é tampouco. Mas é a verdade de nós mesmos que se esconde bem aqui, bem no fundo, despetalando-se aqui dentro. No simples instinto do Ser, de ser. Sermos todos, muitos, juntos, jardins. Os jardins que miraram um dia, os teus olhos, hoje olhos vazios, sem cor, olhos vis.

Que reabram as janelas da tua alma e que plantes enfim a última flor que trago em mim e que ofereço à você. Que ela floresça, dia à dia, e que colhamos juntos, no fim da primavera, o prazer do amor nascido do prazer de ouvir, ver, tocar, beber, comer, cheirar você, que é o outro. O outro que sou eu. Você, eu e o todo!

PS: Queridos este texto é fruto do processo "A Última Flor", a peça que estou dirigindo e que estréia no próximo dia 04/09, no teatro Glaucio Gil. A presença de TODOS é muito importante!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Caixa de Lembranças


Poesia em Imagem

Menino Grande com Sorriso de Palhaço

Ele se foi

O filme não parou

Há um breu

Há imagens sem cor

Hoje o dia é nublado

As roupas bicolor

O tempo não tem fim

A vida continuou

Na máquina fica a imagem

Morna

A imagem que imita gente

Gente, tão gente

Que molha os olhos

Traz torpor

O menino e o sorriso

A tristeza carregou

Foi pra longe

Para bem longe

Só a poesia ficou

E do sonho não terminado

Uma estrada,

Palco onde caminhou,

traz-me um Menino Grande

Sorriso de palhaço

Cantarolando histórias

De um livro que não se fechou


Em 06/10/08 (para o eterno Jorginho)

Saudades que o mar me trás

Meu amor por ti transborda
É como o mar
Me chama, balança, faz descansar
Meu recuo
Meu porto seguro
Meu navegar
Teu amor é o meu guia
Meu farol
Uma ilha
Mar sem fundo
Amor sem fim
Incondicional
Explodindo
em mim
Dói
o corpo
Arde a alma
Sinto calor
Um aperto, uma onda, uma saudade
Este amor
Em você sou livre
Sem você sou nada
Água triste
Prateada
Peixe frito
Na calçada
Sem você sou nada
Cabeça em ti vidrada
Vida assim marejada

Amo te amar
Amo te mar
Espero te aqui
Eterno em mim
Sim
À velejar
Eu você
Toda a paz
Areia e mar

Escrito em 07/01/08 (Agora chega né? A sessão declaração acaba aqui...rs)

Sono do Prazer

Na sala escura
Teu corpo inspira-me poesia
De palavras sem forma
Mas teu corpo
Ah! O corpo
Que formas!
Cinzas, chumbo, sombras
É teu corpo entregue ao sono do prazer
E este teu corpo, deitado
Teu corpo que à mim diz tudo
Diz-me agora que és tu o umbigo do universo
E aqui no escuro desta sala escura
As luzes pequeninas da cidade te torneam
Todas elas, como luz de fada ao nascer
Mágica
Mágico é este corpo
Meu corpo que é o teu
Tudo aqui no escuro espelha à ti
Pois tu és luz
Minha e de tudo o mais que há no meu mundo
Os olhos, os vidros, as telas, visores
Tudo!
Tudo espelha teu corpo
Admirados
Invejosos de tua adormecida beleza
Inebriados com esta tua vulgar e oferecida beleza
Insaciáveis por querer mais desta desnuda e esparramada beleza
E tudo aqui cheira à você
Tudo aqui anseia ser-te
Por um segundo mais e mais
E eu que à pouco fui teu
Tua parte
Agora olho
Ai, e que olhos são os teus!
Inocentes, tristes
Oh Deus!
De onde vem a origem de tanta maldade?
Deveria haver nos mundos mais beldades
Como esta
Obra Grega
Desenhada à mão divina
Leve
Criança
Que respira doce e calma no bailar dos sonhos
E que traz-me a paz de todo dia
Sem fim
Como esta, bem aqui, ao meu lado
Ai, que paz!
E que sem mais
Fico parado
Amanhecendo calado
Sendo-te cada vez mais devotado
Entregue
Apaixonado pelos infinitos encantos
Deste corpo
Ah, e que corpo!
Deste corpo
Que é o teu

Em 15/10/07

TEU

Esta leveza, esta tranquilidade, esta felicidade, esta música, este ar, este bate-forte do coração, estes planos, este sonho, este brilho nos olhos, esta saudade, este carinho, este tesão, este pensamento constante e este amor que não tem tamanho.

Tudo isso e muito mais é teu!


Escrito em 02/10/07 (E eu ainda disse que não tinha muitos poemas inspirados em você, hein?!)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ser-te


Quero morar-te
Ser tua pele e tua calma
Ser você dia e noite e madrugada

Quero ser tua voz suave
Ser teu riso agudo
Ser tua lágrima pequena e molhada

Quero ser os teus olhos pela manhã
Ser tua retina, teu pulso, teu chacra
Ser tuas cicatrizes e tuas sensíveis palavras

Quero ser teu abraço forte
Ser tua beleza desengonçada
Ser tua cara pintada de mágica

Quero estar sob a epiderme
Ser velejador do teu sangue
Ser teus gestos, os pequenos e os grandes

Quero ser tuas neuras
Ser teus traumas e teus sinais
Ser tua fome e tua ira

E ser-te mais
E sempre mais
Para que só assim
Sendo-te todo e ao mesmo tempo
Tentar suprir este amor urgente
Que nunca repousa
E que clama
Feito louco
Em ter-te aqui
Perto de mim.

Escrito em 11/09/07

Teu olhar

Ontem aquilo que não sei o nome, mas que é bom, e é nosso. Aquilo que não se define de tão grande. O que não se sabe ao certo descrever. Ontem, aquilo que chamamos de amor, mas que não nos cabe em 4 letras. Ontem isto, ou aquilo, ou tudo me tomou feito vento forte. E eu, pássaro, sobrevoava com asas abertas os oceanos do sem fim, ao teu lado. Tudo isto, e o mais que sinto, no instante de um olhar.

Escrito em 03/09/07

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

EU TE AMO


Tive certeza de que te amava
Quando tive a certeza de que não te amava
E depois de que te amava
E depois nada

Tive certeza de que te amava
Quando não parava de pensar
Em você e no que falar
E quis fugir para outro lugar

Tive certeza de que te amava
Quando começavam a me irritar
Seus defeitos e jeito de falar
E ainda assim quis te abraçar

Tive certeza de que te amava
Quando meu corpo quis te afastar
Mas tirei tua roupa com força
Por que a pele eu não podia rasgar

Tive certeza de que te amava
Quando quis terminar
Mas vi que já não dava mais
E comecei a chorar

Escrito em 15/07/07, para Elio. (Viu, uma sessão exclusiva... rs)

Bonança


No meu coração um barco atravessa sem parar.
As águas estão turvas e violentas.
E lá no meio, na proa, marujo do além-mar, estou eu!
Ao olhar o horizonte vejo a fúria dos ventos que anunciam a tempestade que se aproxima.
E ao fundo, claro como a vida, o sol.
Enorme e reluzente, cheio de amor para dar.
Fecho os olhos, esqueço o tempo, salto do barco, boio nas ondas e, sem mais nada, nú, deixo o sol me acalentar!


Escrito em Junho/07, para Elio. (Viu? Tem poema para vc tb... rs)

Decepção


Tuas palavras, tão amargas, me lançaram neste vácuo profundo, sem rumo, um infinito, escuro, buraco negro obscuro.
Neste vazio, escondido, sozinho, aqui bem dentro, bem fundo, de tudo que há enfim
Me perco em meio ao eco das palavras mal ditas e das minhas não ditas, tentando em vão me encontrar, te entender, superar.
Estou chocado, dormente, prostrado, com o chão desmanchado e nas paredes cupim.
O olhar aberto está fechado, calado e agora o foco é aqui, bem para dentro de mim.
Minha cabeça, labirinto de idéias, corredores bem longos, parece dizer assim:
É sem controle!
Pois teu falar mal criado, cuspido, malvado, está aqui entalado, feito azia hostil.
Meu grito máximo, de tão impressionado, se calou no palato, ficou estrangulado, desistiu, não saiu.
No coração, esse bicho do mato, soa decepcionado um pulsar imbecil.
E de tanto ranso, vem um sono profano, a pressão declinando, me fazendo inútil.
Sendo assim, meu corpo vai desmaiando, endurecendo e esquecendo o mundo inteiro,
E fim.

Escrito em 18/05/07

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ao Contrário X oirártnoC oA



Tá tudo ao contrário aqui! A Lua nascendo de dia, frio no lugar do calor, calor no lugar do frio, o futuro virando presente, o tempo correndo feito gente, eu trocando a noite pelo dia!


Pensamento escrito em 14/05/07

PS: E ainda tão atual!

Ode à Arte


Salvem todos os artistas desconhecidos
Aqueles que foram esquecidos
Aqueles que se doaram
Aqueles que se transformaram
Aqueles que morreram por ela
Aqueles em essência
Aqueles abandonados
Aqueles de palco
Aqueles de música e pintura
Aqueles de circo e dança e rua

Salvem todos os artistas inquietos
Aqueles amadores
Aqueles estudantes
Aqueles passionais e racionais
Aqueles antigos
Aqueles que estão por vir
Aqueles que não o foram
Aqueles que revolucionaram
Aqueles grandes mestres
Aqueles que mudaram

Salvem todos os artistas que não ficaram
E salvem enfim à todos aqueles que na arte se encontraram

Escrito em 29/03/07

BURGUESIA versus IGNORÂNCIA


O que me salva de ser mais um é esta burguesia que me corrompe.

É triste, mas é vida!

E a vida é assim, crua, nua.

O que me salva na vida é a corrupção da minha ignorância!



Escrito em 26/03/07

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O PONTO



Sou um ponto

De Equilíbrio

Entre a tua

Realidade

E a minha

Fantasia


Na parede do quarto de Saquarema, durante os saudosos anos de 2006 e 2007

EMBASSADO


Este que te fala não sou Eu
Pois este que te fala é apenas o que outrora fui
O que sou agora, não se sabe
Eu não sei!
Meus ideais estão falindo
Meus muros caindo
E meus conceitos se desprendendo

Este que te fala, não sou Eu
E muito menos quem Eu sonhei um dia ser
Este de agora não é o mesmo de ontem
E muito menos o de amanhã
Acho Eu!
Esse de hoje quer ser mais do que pensou
E talvez mais do que sou.

Eu queria ser super herói
E poder saltar por entre os telhados
Para tentar encontrar sob eles aquele Eu que possa me fazer companhia
Um outro Eu, igual a mim
Quem sabe, por ali também não encontrar o que falta para me remontar

Pq esse Eu que reflete no espelho, enquanto te falo,
Não sou mais Eu!

Escrito em 08/02/07

Brisa de Primavera



No horizonte da janela
Aquele pássaro lá em cima sou eu
Ele voa pra longe
Em bando
Flutuando no vento denso do dia que já se vai
Para onde ele vai?
Ele não sabe
Nem o pássaro, nem o dia, nem eu
Aquele pássaro lá em cima sou eu
Escrito em 21/12/06

Constatação da Fragilidade (Ou apenas Auto-Mar)

Olha aquela pérola, que preciosidade!

Tamanha fragilidade teve de ser guardada em redoma calcificada, criada para lhe disfarçar.

Êta concha imponente, delicadamente construída e onduladamente infindável.

Um dia veio a onda e a levou, agora ostra, para conhecer o mar.

E assim foi ela à marejar, descobrindo horizontes, se expondo ao nadar.

Porém, sem perceber o mudar dos ventos, ela foi traída pelo sopro do tempo que movimentou as águas e tudo o mais que havia por lá.

A pobre ostra foi arrastada areia à fora, dolorosamente, como se fosse expulsa do mar.

Veio enfim um homem bronco, de barba branca e ares de velejador,

Olhando apenas para o azul à transbordar, ele pisou na concha, descuidado, que ali estava, na beira do mar.

Aquela casca se quebrou e só restou a pequenina pérola à lamentar.

E lá ficou ela, branca e pálida, feito donzela

Ai, que pena que me dá!

Mas parando bem para observar, ela, a pérola, me parece bem mais sincera agora

Do que aquela que andava à desfilar, escondidinha, lá pelas bandas do fundo do mar.

Foi por isso que vim-me embora

E a deixei para lá,

Sozinha,

De oferenda para Iemanjá.


Escrita em 30/11/06

F I M



Aonde foi que teve início o nosso fim?

E cadê aquela força do amor que nós juramos eternizar?

Quando foi que decidimos não mais tentar lutar?

Ainda há pouco estava à procurar todos aqueles projetos que arquitetamos juntos

E ao que me parece, eles foram lançados como cinzas ao ar.

Tentei vislumbrá-los,

Mas uma chuva de paraquedas tapou-me a visão

E minha referência de horizonte passou a ser fragmentada.

Aquele sentimento em mar, que nos fazia flutuar

Escoou de meus olhos como cascatas

E na garganta sobrou um nó

Fruto da seca que ficou.

Agora os mundos estão enfim separados.

E entre nós a dor equivalente a grande distância que nos separa.

O nós, virou sós.

E as canções de amor são agora brados de lamento

As gavetas, caixas e memórias guardam o que restou do sonho

E o mundo, antes uma pista de alçar vôos

Agora é corredor da morte

E se com a morte vem a renovação.

O que nos espera após o enterro de nossos corações?

O amanhã?


Escrito em 21/09/06