segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Série Slow Motion (n. 4)

O movimento lento se deu no metrô de rápidos movimentos.
Mas se a câmera-lenta do meu corpo permeava a busca de atentar o outro.
Estes, os outros, continuaram impassíveis, como se comum fosse alguém praticamente paralisar.
Permaneci assim, lentamente invisível, brincando de ser impassível.
Eu, o passante intransigente do transporte público e popular.
A massa, de olhos rápidos, frame X frame, dispersa,
Deixou-me ser como quisesse e sem expressar estranheza alguma.
A estranheza, essa sim, foi minha, toda minha, até a experiência se findar.

Rodrigo Abreu, 28/08/2011



domingo, 28 de agosto de 2011

Série Slow Motion n.3

O dia de ontem não existiu. Vegetei. Todo o movimento se fez extremamente lento, de uma lentidão que não agrada, arrasa. Um corpo pedindo socorro, de ressaca, em ordem de pensamentos minimamente fraca. E eu corpo, mole, mole e dorme.
Um gosto de alcool que não larga da boca e uma cabeça que pesa mais do que uma bigorna. Cada olhada um looping, cada lembrança, uma página arrancada.
Do dia de hoje, da noite de ontem, não se registra nada.

Rodrigo Abreu, em 27 de Agosto de 2011

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Série Slow Motion (n. 2)

Acordar e restar lento sobre a cama. Baixa frequência de pensamentos. Deixar o corpo estar no dobro de tempo ao qual não se acostuma. Corpo inquieto, cabeça dançante, tudo se move para não se movimentar.
O corpo como a cama. A cama como nada. E o tempo brincando de fazer a alma se desesperar.
Pára mais um tempo, respira intenso, relaxa, continua.
O corpo sorriso intenso, sussurra calma, segue a vida, a experiência continua...

Rodrigo Abreu, ao acordar, em 26/08/2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Série Slow Motion (n.1)


O queijo do queijo-quente forma uma fina linha que se arremessa feito bailarina em direção ao chão. Elasticamente faz uma ponte que se liga em harmonia da pia até o tapete vermelhão. 
E eu, de tão admirado com a beleza do acaso, invento um invento, pego um instrumento, um garfo. 
E em operação de espião, lentíssima, vou trazendo a linha e desenhando, bem bonita, arte abstrata sobre meu pão.
Tudo isto assistido em reboliço por um 'nescau' escondido bem ali, dentro do copão.

Por Rodrigo Abreu, em 25/08, às 8:30h da manhã!