segunda-feira, 21 de setembro de 2009

.........Caminhada...........


Desconforto de andarilho
Pé ante pé ante pé
Anti pé
Suor quente
Expulso você pelos poros
E você não vai
Gruda na roupa
Que gruda em mim
- Não há mais espaço!
Meu corpo te diz
Sentindo o vento
E você escorre
Carregando toda a sujeira
Pingando no chão

Você me enche
Eu ando
Te queimo
Você pinga
Eu emagreço

Mas você volta
De repente
Te encontro na respiração
Páro de andar
Acalmo
Descanso de você
Recupero o ar
Caminho
Sigo te largando na EXpiração
Gás carbônico
Te carbonizo
Acaba o ar
No ar

Você me sufoca
Eu espirro
Te nebulizo
Você se esvai
Eu eu supiro

E aí está você novamente
Na cabeça
Paranóia
Bagunçando pensamentos
Apertando meus nervos
Fazendo tremer
Caminho mais rápido
Canso a mente
O corpo segue
Ileso
Cansado de te esquecer
Eu ando
Continuo
Você falha
Fica na estrada

Você me atordoa
Eu não lembro
Te apago
Você Alzheimer
Eu esquecido

Por fim
Livre de você
Sento no banco
Na praia
No chão da estrada
Onde for
Paro a caminhada
Escrevo poemas
Relembro a caminhada
Acabo com todas as palavras
Pronto!
Você não é mais nada
Eu literalizei tuas chagas
E acabo assim
Com o poema e com você

Começado em 18/09/09, terminado em 21/09/09
(Mais precisamente, agora!)




quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PARALISIA (ou Morno)


Silêncio mortal
Falta de assunto
Um desconhecido
E um fingidor,
Fazedor de sonhos,
Contador de histórias,
Cristal bruto,
Eu
A olhar
Lamentando
Ansiando ser mais
-O que foi que aconteceu?!
O tempo correu
O mundo girou
E eu fiquei
Eu estou
Boio nas ilusões criadas
Afundo no meu grande nada
Assisto a vida que passa
Sou o que será
O que ainda não é
O que dizem
O que eu quer ser
Mas no momento
No longo momento do ontem
No desesperado momento do agora
Eu ainda continuo
Sou eu
O que não é nada
Um rosto com sorriso
E continua
Aquele mesmo
O resignado,
Disfarçado de atorzinho
O mais do mesmo
Máquina de mentiras
Morbidez dos que não sabem de mais nada!

Escrito agora, 17/09/09, às 2 e 15 da madruga

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amor Bossa Nova


Engraçado que você, meu eu lírico
Árvore que me espera pássaro
Braço que abraça minhas lágrimas escondidas
Você que traduz meu ser em cor escura
Que me jura amor mesmo nas cenas de loucura
Você isso tudo
Logo você
Não me inspira poemas
São poucos, foram-se de início
Não são
De você não tiro flores que choram
Nem sonetos, versos, rimas e prosas
Porque você é meu poema maior
Vida viva
Escrito, reescrito, reeditado a toda hora
Você é minha obra prima legítima
Você é meu amor bossa nova

Escrito em 30/07/09

Prática do Desapego (Ou reeducação sentimental)


Da arte de ser prolixo
Do desespero pelo entendimento
Pelos "porquês", "comos" e "assim sendos"
Pela explicação sem limites
O didátivo que é banal
A repetição desmedida
A confirmação vestindo insegurança
O tudo tapado com monte de nada
Dos nadas vestidos de incríveis tudos
A necessidade do real comunicar
Do que se julga
Dos que pecam
Que tudo se perca
Se molhe, se afunde
Como um corpo jogado ao mar

Escrito em 30/ 07/ 09.