quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Desconjuntado

Me cortou.
Toda essa luz de realidade me cegou.
As músicas, a poesia, o amor.
Tudo isto me aprisionou no meu castelo de décimo andar!
O príncipe encantado foi-se embora de metrô, mandou mensagens, gritou, chorou.
Eu que fechei a porta.
Ele que não voltou.
E agora, todo esse monte de nada me afundou.
Os dias que passam, as horas que voam, o tempo me atordoa.
Acabou a série, virou a página, findou o livro.
O conto de fadas acabou.
E a princesa pequena burguesa, essa princesinha de merda, bebeu e bebeu e bebeu que se desmoronou.
Essa princesinha sou eu.
Foi o que me restou.
Quando foi que essa merda toda aconteceu?
E depois de tudo isto, depois de todo o tempo, cadê eu?
Gosto de quê, espero o quê, quero o quê?
Ei, volte aqui, devolva minha vida!
Cole uma lente na minha retina.
Me faça voltar a enxergar.
Acabou a fantasia e nem dancei meu carnaval.
Toda essa sua realidade azul me faz muito mal.
Essa dor que não me passa.
Ultrapassa-me todo este torpor sem graça.
Vida destruída.
Exagero de menina.
Gordura acumulada na barriga.
Todo esse tanto,
O que era muito,
Desamor.