domingo, 9 de outubro de 2011

Minhas sinceras desculpas por te desordenar a alma

É porque ele, tão grande, fica tão pequenininho.
É muita coisa para aguentar.
Sim, eu sei, a culpa é minha.
Mas pai, papaizinho.
Ser assim como sou é um preço que pago todo dia.
Não, não te obrigo a aguentar.
Você me respeita.
E a mim, cabe deixar o tempo amenizar.
Tô te olhando de longe.
Qualquer coisa grita.
Mas além disso,
Além da palavra que puxo para disfarçar,
Além da cara de 'maluco' que faço para naturalizar,
Estou aqui para tudo o que precisar.
Estou no mesmo lugar,
A te olhar,
Quietinho.
Ai, tão tristinho...
Sei, eu sei, é muita coisa.
Acalma que a idade vai fazer amenizar.
Acabaram os segredos.
Agora chega! Pode confiar!
O resto é todo legal, moral e não engorda.
Pode relaxar.
Você, meu velhinho,
De olhos verdinhos,
Murcho, murchinho,
Me dá vontade de abraçar.
E mais nada.
Mas você é homem.
E homem não chora.
Mas se quiser,
Eu prometo não contar.
Só me desculpe por desordenar a vida.
Ter filho artista é uma merda.
Mas os benefícios,
A você ainda hei de apresentar.
Mais dos quais com que tive já honra de te homenagear.
Relaxe agora, meu pai.
Eu prometo,
Amanhã vai passar!

Amo você, pai. Apesar do apesar... (09/10/2011)